sexta-feira, 25 de junho de 2010

Yankee?

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Me lanço no blackjack depois de umas Cubas Libres, amigo.
Vou fundo e, fuck, meus dólares acabaram! Whatever, manda mais um drink, bartender. Um whisky, tá? Preciso deletar esse fracasso urgente. Now!

Como diabos faço pra sair desse pub? Bom, deixa eu pensar... Esse host tem cara de babaca. Manja, uns maluco meio dumb-ass, meio redneck, desses que você não bota fé? Bem loser mesmo. Mas tá conversando com um tira. E tem ainda um fortão no staff. Aí fode.

Vou ao W.C. espairecer, fumar um Marlboro. Saio com uns pingos no jeans e uma stripper com lábios gordurosos de gloss me pergunta se eu tenho algum motivo pra andar descalço por aí. Oh, Jesus, esqueci meu tênis lá dentro! Dou exatos doze passos, no tic-tac de meu Swatch, abro a portinha estilo Saloon e avisto meu belo par de Nike. Querido par de Nike! Lindo. Branco. Grande. Clean. Um design meio vintage, fashion pra caralho hoje em dia. Lembra o do Air Jordan. Fresquinho, direto do shopping. Não gosto de contar, mas tava 40% off. Não tinha como não aproveitar.

Mas goddammit, o que isso importa agora? Eu tenho que pensar em como sair daqui. Volto lá e uma tal de Kelly me pergunta se eu gosto de hip-hop. Minto e digo que curto os hits desses caras mais popstars, tipo Eminem e 50 Cent. Ela parece gostar, vai até o DJ e cochicha algo, parece que tava pedindo uma música. Do nada, eles começam a discutir e o clima na boate fica tenso. Ela chora. Eu vou consolá-la. Que bad, eu digo. Com o rosto ainda molhado, ela olha pros meus pés e diz algo que muito me anima. Uau, estaile esse seu tênis, hein? Era justo o que eu queria ouvir. Gostei da menina. Ela não parecia querer meu dinheiro. Além disso, era a típica moreninha mignon. Feia - parecia um jogador de rugby -, mas com pedigree, manja? Não curto aquelas mina com bafo de Close-Up e cara de lady. Enfim, essa Kelly tem sex-appeal. Então, embalado pelo rock'n roll do jukebox - o DJ, de tão puto, já tinha ido embora - como quem não quer nada, lanço: eu tenho uma cama king-size, sabe? Parece que é o password pro sucesso. Os olhos da mina brilham. E eu só pensando em como eu ia fazer pra sair dali.

Vou ao toalete de novo. Expulso o hot-dog que comi no almoço com raiva. Com direito a ketchup. Malditas hemorróidas. Ponho de novo a calça e, eureka!, penso num jeito de sair dali. É arriscado. Meio James Bond. Talvez um pouco mais covarde que isso. Enfim, o fato é que eu achei 5 pratas no bolso.

Volto, olho bem praquela pituzinha marota, com um shortinho sexy me esperando e me sinto em Hollywood. Só falta um smoking, uma arma e licença pra matar. Não... pensando bem, é meio Mc Gyver. Enfim, só sei que mal consigo fechar meu ziper de tão feliz que eu tô. Tem que dar certo.

Olho pro gigante do lado do host dorminhoco. Meio cochichando, chamo: Psiu... Ei, negão, vem cá. Eu sei que cê tá sem comer há um tempão, né? Tó - puxo o dinheiro amassado e rasgado como se fosse um cheque de banco suíço -, aqui tem cinco conto, come alguma coisa e fala que é por minha conta, beleza?

Essa porra desse negão sussurra, não responde direito. Definitivamente, um homem de poucas palavras. Mas acho que ele disse sim. Ele vai no balcão e pede um americano. Aproveito o deslize, pego a Kelly pela mão e me mando daquele lugar quase às moscas.

Entramos no meu Palio Weekend e ainda olho praquele neon vermelho e verde, com poucos watts sobrando, dizendo: "Sereia's Bar - Com Sauna", viro a esquina da Dr. Zuquim e vou-me embora.



Texto publicado no meu antigo blog, em 14/08/2008.

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