quinta-feira, 18 de junho de 2009

Seleção do Brasileirão - 1º Turno

.
Ao final do 1º turno, elejo aqui minha seleção. Curioso que o Inter, líder em grande parte da competição, não tem nenhum nome entre os 11. Mera coincidência, já que os gaúchos poderiam emplacar Lauro, Guiñazu, Andrezinho, Taison ou Alecsandro entre os titulares, como se pode constatar pelas menções honrosas.

No gol, Aranha é absoluto. Faz um campeonato fantástico e foi a centelha que iniciou a arrancada atleticana rumo à ponta da tabela. É bem verdade que os "gaúchos" Victor e Lauro - que, assim falando, lembram uma dupla de pop sertanejo - vêm fazendo grande papel, mesmo entre contusões e convocações. E que Renê, mesmo longe dos holofotes, opera milagres no gol do Barueri. É bom destacar que nomes consagrados como Marcos, Felipe e Bruno cometeram algumas falhas e sua presença nesta lista não seria justa, apesar do ufanismo de boa parte da mídia do eixo Rio-SP.

Fica evidente a carência por bons laterais e alas-direitos. Apodi, o escolhido para a posição, é mais um ponta que um lateral. Wendel, pelo contrário, é ótimo marcador, mas ainda muito tímido no apoio. Quem melhor equilibra as qualidades ofensivas e defensivas é o cruzeirense Jonathan, que faz um bom campeonato e uma esplendorosa temporada, a despeito do primeiro turno escabroso de sua equipe. O esmeraldino Vítor e o corinthiano Alessandro, nomes que poderiam figurar na lista tranquilamente, passaram a maior parte do torneio no departamento médico. E Leo "Perllo" Moura, outro talentoso ala, não vem reeditando em 2009 sua performance dos anos anteriores - o que não faz dele um tremendo vacilão. Dois jogadores que surgem com força no setor são os volantes improvisados Carlos Alberto, do Galo, e Jean, do São Paulo.

Pelo miolo de zaga, Danilo e André Dias foram os pilares da reação de suas equipes no certame, cada uma a seu tempo. É verdade, porém, que, por não estar escoltado por nomes do porte de Miranda, o trabalho do primeiro foi maior. O atabalhoado Welton Felipe não é o zagueiro dos sonhos de muitos, mas teve um desempenho digno de nota, com partidas irrepreensíveis, especialmente na primeira metade do turno. Réver é uma certeza para os gremistas e seria convocado por Dunga se o Brasil não estivesse tão bem servido de zagueiros. Chicão é um espécime raro: finaliza, lança e passa bem, além de ter ótimo posicionamento, o que compensa seu fraco desempenho no jogo aéreo. André Luís, após passagens opacas por Cruzeiro e Botafogo, vem fazendo grande campeonato e recuperando o cartaz dos tempos de Vila Belmiro. E, por fim, Ernando mostra que a "fábrica Goiás" não para de produzir talentos.

Na ala esquerda, Júlio César é absoluto. Mesmo que Hélio dos Anjos o veja muitas vezes como um meia. O atleta esmeraldino tem o mesmo preparo físico de Júnior "Bolt" César, mas mais técnica e visão de jogo. Eltinho, reprovado nos exames médicos na Gávea em 2008, é lépido e bate muito bem na bola, o que deve fazer muitos rubro-negros lamentarem até hoje. Afinal Juan, o melhor ala do país, está machucado há meses e só volta daqui a muito tempo.

A disputa por "posição" na meia e no ataque, como não poderia deixar de ser, é muito mais acirrada. Pelo exuberante Brasileiro que fazem comandando a meia-cancha do alviverde imponente, Diego Souza e Cleiton Xavier não poderiam ficar de fora de qualquer lista. Nem Souza, de cujos pés saem mais da metade dos gols gremistas. O time é irregular? É. Mas experimente tirar o camisa 8 da equipe para ver se os argentinos, colombianos e brasileiros do ataque não morrerão de fome. Williams faz um campeonato brilhante e, aos poucos, perde a vergonha de atacar e dá mais qualidade ao carente meio-campo rubro-negro.

No ataque, o infernal Fernandinho não poderia ficar de fora. Abusado e inteligente, o meia-atacante já desperta a atenção de todos os grandes clubes do país e deve disputar a Libertadores 2010. Espera-se que não repita Jackson (Sport, 1998) e Marquinhos (Vitória, 2008) que, após serem eleitos as revelações do país, naufragaram no futebol paulista. E Diego Tardelli, hein? Que fase iluminada. Talento - e muito - ele mostrou desde sua estreia pelo São Paulo, em 2003, em pleno Couto Pereira. Mas a indolência atrapalhou sua carreira. Seus grandes anos foram 2005 e 2009. Será coincidência ambos serem véspera de Copa?

Quanto ao treinador do escrete, nada mais justo que eleger o sempre desacreditado Celso Roth. Afinal, quem, em sã consciência, teria apostado que o Galo, com o frágil elenco que tem, permaneceria por tanto tempo no G-4? Sua campanha, ao contrário das de Hélio dos Anjos, Ricardo Gomes e Silas, foi a mais regular e linear até aqui.


Aranha (Atlético Mineiro) - O Lev Yashin das alterosas?
Apodi (Vitória) - O papa-léguas do rubro-negro.
Danilo (Palmeiras) - Roque Júnior? Gustavo? Jéci? Gladstone? Quem?
André Dias (São Paulo) - O próximo capitão tricolor?
Júlio César (Goiás) - E o Cruzeiro* procurando lateral-esquerdo...
Williams (Flamengo) - O maior cão-de-guarda do país. Com menos faltas que Pierre.
Cleiton Xavier (Palmeiras) - O maior maestro do futebol canarinho.
Souza (Grêmio) - Joga clássicos e decisões como se fossem treinos.
Diego Souza (Palmeiras) - O jogo apertou? Bola nele.
Fernandinho (Barueri) - Infernizou todas as defesas do país.
Diego Tardelli (Atlético Mineiro) - Quem disse que ele só joga com o Leão?

Técnico: Celso Roth (Atlético Mineiro)

Menções honrosas:

Goleiros: Lauro (Inter), Victor (Grêmio), Harlei (Goiás) e Renê (Barueri)
Laterais-direitos: Wendel (Palmeiras), Carlos Alberto (Atlético Mineiro) e Jonathan (Cruzeiro)
Zagueiros: Miranda (São Paulo), Chicão (Corinthians), André Luís (Barueri), Welton Felipe (Atlético Mineiro), Réver (Grêmio) e Ernando (Goiás)
Laterais-esquerdos: Eltinho (Avaí) e Junior César (São Paulo)
Volantes: Jean (São Paulo), Guiñazu (Inter), Léo Gago (Avaí), Vanderson (Vitória), Batista (Botafogo) e Elias (Corinthians)
Meias: Marquinhos (Avaí), Andrezinho (Inter), Leandro Domingues (Vitória), Hernanes (São Paulo), Leo Lima (Goiás), Thiago Humberto (Barueri), Junior Dutra (Santo André), Paulo Henrique (Santos), Felipe Menezes (Goiás)
Atacantes: Iarley (Goiás), Felipe (Goiás), Gilmar (Náutico), Dagoberto (São Paulo), Obina (Palmeiras), Alecsandro (Inter), Taison (Inter), Maxi Lopez (Grêmio), Eder Luís (Atlético Mineiro), Roger (Vitória), Adriano (Flamengo), Kieza (Fluminense), Marcelinho Paraíba (Coritiba), Muriqui (Avaí) e Jorge Henrique (Corinthians)
Técnicos: Hélio dos Anjos (Goiás), Ricardo Gomes (São Paulo), Silas (Avaí)

* O Cruzeiro é detentor dos direitos de Júlio César, mas por alguma razão parece não ver nele as qualidades ideais para fazer parte de seu elenco e há 3 anos o empresta a clubes como Náutico e Goiás.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Con te Partiro é o caralho.

.
Quem vive longe da luz não tem luxo, não tem jeito.
Gauche desgraçado. Será? Engraçado, talvez. Feliz, essa é a palavra.
Quer dizer, sei lá. Sei lá mesmo, bicho...

Muitos garantem terem encontrado o tal do júbilo eterno.
Eu sei, muitos juram aos quatro ventos que esse sorriso espalhafatoso não vai cessar. Que o gozo não vai se encerrar nem com o carinhoso toque de uma luva branca.
E quando se vêem insônios numa vasectomia psicológica de dar dó, se põem a pensar: "Onde foi que eu errei? Quem eu tô enganando?".
Porra, cara, deixa as palavras te guiarem. Fala mais besteiras e pára de usar letra maiúscula pros pronomes. Olha pro lado e estende essa mão de unhas roídas. Isso vai te aliviar, garanto. É bom ser bom sem querer ser bom. Não há nada de errado nisso. Todo mundo é. Todo mundo erra.

Pensando bem, não é em todo holofote que há luz.
Não é todo holerite que faz jus.
Nem todos amantes ficam nus.
Nem toda tristeza se cura com blues.
Não é em toda areia que tem avestruz.
Nem toda cicatriz tem pus.

É complicada essa vida de rimas fáceis, mas você trate de entender a necessidade de uma vã reflexão.
É tão blasé ouvir Andrea Bocelli e tomar Malzbier de madrugada que só me resta mesmo me despedir.