quinta-feira, 26 de maio de 2011

Por aí

Aí tu para pra pensar e vê que tá fazendo tudo errado; falando muito e dizendo pouco; dando contornos semi-heróicos ao simples fato de sua vida andar meio em P&B ultimamente. E porra, a vida não é aquela PELÍCULA do Telecine Cult pra você ficar analisando todas as minúcias e significados enquanto o planeta gira.

Tudo bem, nem todos nós temos condições ou intenção de transformar nossa jornada numa superprodução dessas que passam no Telecine Premium de sábado às 22h e são avidamente assistidas por supostos "admiradores da sétima arte", mas pô, ninguém quer ficar aprisionado numa música do Little Joy pra sempre também, né? Nem tão Julia Roberts nem tão Björk, entende?

Tenho tido uns sonhos bons, e isso é bom. Assim como Zé Keti, tenho muitos amigos, e isso também é muito bom. Aos poucos, vou deixando de ser aquele mancebo imberbe que pensava que a vida era uma propaganda de margarina com umas salpicadas de ironia no meio. Além de uma palavra pitoresca, a amargura é um fermento da alma. Com ela, se atinge a tal da maioridade de que o Kant vivia falando. O grande perigo é ela chegar pra ficar, que nem aquele cunhado que vem morar de favor no quarto do fundo e no fim do ano já reclama da borda do pão de forma e das posições políticas do jornal que você assina.

Falando em Little Joy e nessa vibe meio "if nothing ventured, nothing learned", é de pequenas alegrias que eu vou vivendo. Tipo pegar o violão e tirar uns acordes daquele samba, dar umas assistências pra vitória do meu time no sábado, comer o spaghetti al sugo da mamãe, dar mamão e banana pros beija-flores aqui de casa, tomar uma cerveja com uns bons amigos, ver a vida passar bobamente. Pensando bem, é bem assim que eu tô vivendo: bobamente.

Tenho ciência de minha pequenez. Da pequenez de todos nós. Estou perfeitamente lúcido quanto a isso. No aspecto social, é bem por aí que temos que pensar pra vivermos bem coletivamente. Mas o mais curioso e paradoxal é que, quando se trata das coisas do peito, aí a gente esquece essa humildade toda e quer ser gigante. E olha pra ela e pensa "de que diabos adianta ter a paz mundial se eu não tiver você aqui comigo?". Em certos momentos, a gente tem que se colocar à frente dos outros. Estou perfeitamente lúcido quanto a isso.

Confesso às vezes me perguntar, será que eu tô me enganando? Encenando meu próprio 'Esperando Godot'? Será isso uma espécie de sebastianismo sentimental? Vai saber. Mas se alguém perguntar por mim, diz que fui por aí. É o que eu faço de melhor.




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