quinta-feira, 21 de abril de 2011

O Duo - II

As metáforas

Essa lágrima solitária foi incontrolável, mas sei lá, hoje, parafraseando Tom Jobim, eu posso até dizer que ela foi como uma promessa de vida no meu coração. Eu não sou muito fã de bossa nova, nem de frases que vulgarmente falam do coração, mas desde moleque eu curto metáforas. Vejo-as em todo lugar. E essa lágrima foi agridoce. Estranhamente não teve pra mim o sabor da derrota. Foi mais como se eu tivesse ido à lona no primeiro round e o juiz da luta tivesse aberto contagem. Cabia a mim levantar antes de ele contar até 10 e decretar o nocaute.

Obviamente, passei a desprezar eternamente o uso desse aplicativo chamado MSN. E me pus a me auto-analisar: porque diachos não tinha dado certo? Eu era bonzinho, legal, atencioso... Mas calma. Será que as mulheres são assim, atraídas pela sutil indiferença masculina? Será que eu era mesmo disponível demais? Estaria eu diante da primeira lição sobre o universo feminino? Algo como "água demais mata a planta". Olha só que metáfora inteligente. É, devia ser isso.

Levanta-te

Nos meses seguintes, fiquei mal. Eu era inexperiente. 16 anos de idade, nunca tinha namorado nem tido nada mais ou menos sério com outra menina. Por mais que eu gostasse dela, foi inevitável pensar que aquilo, aquele baque todo, poderia ser normal, por ela ser a primeira de quem eu gostei de verdade. No futuro, poderiam vir muitas outras e eu nem lembraria direito dela. Com 99% das pessoas é assim. Mas eu não sou 99% das pessoas. Que me desculpe a norma culta da língua portuguesa, mas "eu queria ela".

Se algum engravatado do RH de uma multinacional pedisse pra eu me definir em duas características, eu diria: "Olha, é o seguinte: eu nunca fui dos mais sonhadores, desses que aos 20 anos fazem planos sobre o que farão aos 42. Não sei se você me entende, mas pra mim, a incerteza é um privilégio dos que têm confiança. Em si e, claro, nos outros. E isso obviamente é a coisa mais linda do ser humano. Por outro lado, sempre fui um cabra persistente, sabe? Mas só com as poucas coisas que eu realmente enfiei na cabeça, pessoas que me convenceram a gostar delas, que ganharam minha lealdade. Por essas, vale a pena viver, se sacrificar. Ah, se vale".

Como ninguém nunca me perguntou, eu nunca me descrevi dessa forma.

Com a ajuda de dois bons amigos, eu juntei os cacos e fui percebendo que a vida não era uma música do CPM 22. Ela era, é e sempre vai ser maior que uma tristeza. Ainda mais se tratando de alguém que eu conhecia há 6 meses, com quem minha história era praticamente nula.

Mas o diabo é que eu queria ter uma história com ela.

O reapproach

Comecei a visitar a classe dela com certa frequência nos intervalos de aulas. Voltei a entrar no MSN. E criei o hábito de ligar pra ela quase todo dia e ficar pendurado por 2 horas ao telefone. Um dia, o pai dela - que não me conhecia - me ligou e falou: "eu tô vendo aqui na minha conta telefônica, deu cento e tantos reais, e eu nem conheço esse número. Quem é você, rapaz?".

Mas de concreto até aí, nada. Eis que surgiu uma festa junina. Onze de junho de 2005, nunca vou esquecer a data. Véspera do dia dos namorados que, por sua vez, fica na véspera do meu aniversário. Curioso.

Bateu uma certeza em mim. Eu precisava surpreendê-la. Tinha que pensar em um dia perfeito nessa festa junina. Então sentei no computador, abri o e-mail do Yahoo e entrei num daqueles aplicativos antigos de mandar cartões virtuais. E comecei a soltar a mão. Escrevi tudo ali. Muitas e muitas linhas de sinceridade. No fim, pedi ela em namoro. E programei pro cartão ser enviado no dia 11 pela manhã. Na véspera, disse: "amanhã cedo, abre seu e-mail antes de ir pra festa".





2 comentários:

BRUNAO disse...

tem mais, né?

minicritico disse...

Hehehe, prefiro guardar o resto pra mim.